ANA MOURA - A FADISTA (new album 'Desfado')

     POEMA

     SUSPENDO-ME.......

suspendo-me....em galhos
            desgarrados
suspendo-me....em fios acobreados
      olhar fixo
saliente em nada imaginado

         mãos cerradas em movimentos
tresloucados...
suor de corpos abraçados
          escorrendo

 (...)

suspendo-me....no auto-etéreo
             flagelado
suspendo-me....no frio mármore
          onde me sinto
ignorando quem sou... onde estou

                 escuto-me
em sons de silêncio....abandonado
em retalhos voando endemoinhados
       em palavras sem som
                  estridentes

(...)

suspendo-me....na tua boca quente
      nos teus cabelos
desgrenhados
                    grito
até sempre... para sempre

        guimurteira
        21set2014

NUMA NOITE QUENTE....

                 ESPERANDO...
DESESPERANDO... AGUARDO-TE
OLHO O CÉU E HÁ MAIS ESTRELAS HOJE
CINTILANDO... PISCANDO...
LANÇO-LHES UMA SÚPLICA
FICAM TRISTES ... ACARICIANDO-ME
COM AQUELE BRILHO QUE GUARDAM
PARA CASOS DIFÍCEIS...
NÃO FALO... APENAS UM OLHAR DE TRISTEZA
QUE LHES LANÇO E AS COMOVE
E, DE REPENTE, INICIAM NUMA CORRERIA LOUCA
UM CRUZAMENTO ENTRE ELAS.
ESPANTO... EXPECTATIVA... ( REVELO )...
NUM ÁPICE ELAS PÁRAM,
OLHAM-ME... CINTILAM COM UM FULGOR
QUE ME FAZ ESTREMECER...
E PISCAM... PISCAM... (UM SINAL PARA MIM?)
NUMA NOITE QUENTE
AGUARDO-TE E
TENHO A CERTEZA QUE VENS...

     GUICN
  17JUNHO2014

MISTÉRIOS......

O vento sibilava no canavial
atravessando-o balouçante
até morrer no rio ... adormecido.

Do cimo do castelo fluía a música medieval
das cítaras, das citolas, das harpas e alaúdes
que, misturando-se com este som sibilante
criavam um coro de encantar
que nos prendia os sentidos....

Sentimentos contraditórios se nos debatiam...

Murmúrios sentimentais se soltavam
sem som, de nossas bocas entreabertas
repletos de doces acordes...

Espasmos de admiração se debatiam
em nossos corpos inertes...

Em transe... em alucinação... em pasmo...

E o vento uivou mais fortemente
no denso canavial.... e o rio iniciou um movimento
de retorno, cantante... e, do castelo, com os acordes
soltaram-se espectros/ figuras invertidas...

Enquanto a Lua exangue... (in)conformada
se escondia... num cansaço musicado.

guicn
7 junho 2014

Armik - Love Letters